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Textos Avulsos

sábado, 23 de abril de 2005

homens...

os homens ou estão na época que cultivam os pêlos para que eles cresçam ou na época que cultivam os pêlos para que eles não caiam...

terça-feira, 19 de abril de 2005

coragem

Sempre passava em frente àquele bar, mas nunca tinha coragem de entrar. Ficava parado olhando pela janela por vários minutos sem conseguir mexer meus pés até a porta e entrar. Lá dentro eu via os bêbados rindo e fazendo gestos expansivos. Também via as brigas que aconteciam por causa da bebida. Eu queria brigar com eles. Mostrar que também sou homem e que sei brigar. Eu não sei brigar. Sou pequeno e magro. Não que isso fosse empecilho para eu brigar. Eu brigaria com qualquer um daqueles caras fortes e altos!

Um dia eu entrei. Estufei o peito, levantei a cabeça e andei cambaleando para pensarem que eu estava bêbado. Não olhei para ninguém especificamente. Observei a todos no caminho até o local planejado. Fiquei encostado na mesa de bilhar. Na estreita passagem para o banheiro. Algum bêbado iria querer passar e eu conseguiria a minha briga.

Um açougueiro grande e forte, como todos os outros naquele bar, exceto eu, se levantou para ?tirar a água do joelho?. Eu não vi enquanto ele se aproximava, pois estava de costa para a mesa dele. Ele segurou nos meus ombros e me moveu de lugar, dando espaço para ele passar. Ele simplesmente me ignorou. Eu poderia ser uma cadeira que dava na mesma. Ele me tratou como a uma mosca que se espanta do braço com um sopro não muito forte.

Sai do bar de cabeça baixa e passos apressados. Não queria que ninguém ali se lembrasse de mim. Mas eu me lembraria para sempre daquele açougueiro. Eu andava até aquela rua todo fim de tarde só pra cruzar com ele na calçada enquanto ele se encaminhava pro bar. Eu não queria ter que desviar e dar passagem a ele quando cruzássemos. Eu sempre desviava. Eu andava de cabeça erguida, encarando o peito dele (ele era realmente alto), procurando coragem, mas no último segundo eu desviava. Ele nem me via. Eu não existo para ele.

Hoje eu fui novamente para aquela calçada esperar ele dobrar a esquina. Eu não desviei. Caminhei reto e firme de encontro a ele. Ele também não desviou. Batemos os ombros. Lógico que eu senti mais. Ele é mais forte. Ele nem me viu. Eu sou uma mosca.

sábado, 9 de abril de 2005

eu

sentada quase deitada. jogando a cinza do cigarro no chão. jogando a bia no canto da parede. tirando o óculos para enxergar. escutando e imaginando outro local. bebendo cerveja. criando verdades. ouvindo músicas que ninguém ouve mais. ouvindo sons que ninguém ouviu. de tênis. camisa branca. calça jeans. mexendo no anel da mão direita. dormindo de roupa. acordando assustada com o despertador. discutindo sem esperar um acordo. saindo sem destino. parando nos mesmos lugares. calada. pagando a conta. contando as moedas. janelas abertas. portas fechadas. sem muita paciência.

segunda-feira, 4 de abril de 2005

ô povo complicado...

- tá afim de recomeçar?
- recomeçar o que?
- o que a gente começou.
- e o que era?
- o que era pra você?
- não sei. sei que você sumiu e apareceu uma semana depois com outra pendurada no pescoço.
- eu não. fiquei sozinho quase um mês.
- escondido da polícia?
...
...
- quer ou não quer recomeçar?
- defina "recomeçar".
...
...

sexta-feira, 1 de abril de 2005

um dia, dois dias...

quando é que acaba essa porra de adolescência???