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Textos Avulsos

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

- Eu não estou bem
- É ele?
- É. Algo deu errado... Existe todo tipo de plantação. As da gente, que a gente cava com enxada, e as dos outros, que a gente visita. Tem um monte de coisas para se ver nessas plantações, alfafa, trigo, e também urtiga. Eu nem mexo nelas. Não são minhas, entende, como o resto também não é... E de repente a gente se mexe, se engana. E se deixa arranhar, sem querer.
- Está ardendo?
- Não foi nada, vai passar...
- Mas você o ama?
- Muito perigoso
- Você sabe que Deus, no dia em que o criou tinha dormido mal à noite.
- Ah, é?
- Pois é. E Ele nã só tinha dormido mal, como estava com falta de material. De modo que foi, irrefletidamente, bater à porta do colega para pedir uns apetrechos emprestados.
- O colega?
- Ele mesmo. E Ele aproveitou a oportunidade e mais que depressa ofereceu uns provimentos. E Deus, atordoado pela noite em claro, misturou inconsideradamente. Daquela massa, tirou-o. Foi realmente um dia fora do comum.
- Eu não sabia.
- Consta em todos os bons livros.
- E então. O que Deus deu a ele?
- Deu intuição, ternura, beleza e flexibilidade.
- E o que o Diabo deu?
- Indiferença, ternura, beleza e flexibilidade.
- Droga.
- É mesmo. Mas nunca se soube em que proporções, Deus, o irrefletido, confeccionou a mistura. Permanece como um dos grandes mistérios teológicos da atualidade.
- Não vou me meter nisso.