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Textos Avulsos

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005

Mais um dia e mais um passo rumo a lugar nenhum...

naquele caminho traçado...
o atalho mais longo eu escolhi...
o círculo perfeito sem saídas...

o pé esquerdo antes do direito...
novamente o pé esquerdo...
somente o pé esquerdo...

quanto tempo mais terei...
quantas vezes já errei...
"por aqui" você disse...

perdida em mim mesma...
sem procurar nem achar...
andando para trás...

noite e dia...
olhando o céu...
o mesmo céu que você...

música e letra...
vendo meu corpo balancear...
do canto da sala...

deixe eu mostrar...
só mais um detalhe...
aprenda a escutar...

dores no pescoço teso...
ombros caídos...
assim sou eu...

assim sou eu...
assim sou eu...
"talvez não" ele disse

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2005

Isso sim me frusta!

sempre que eu me programo... e que o programado está sendo realizado conforme o planejado... e algo alheio a mim de repente muda tudo... e tenho q me adaptar no "meio do caminho"... não sei agir rapidamente... várias opções me surgem na cabeça... e não sei decidir sobre qual delas seguir... todas são válidas... todas são boas... como saber qual a melhor... e se a melhor não for a "melhor"...

sábado, 12 de fevereiro de 2005

A idéia eu tenho... só falta eu conseguir quebrar a pedra!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2005

O que sobra das sobras

A luz e o calor invadem meu quarto. Não tenho permissão para ficar. Como uma música chata o sol avisa que o dia será árduo e que não haverá ninguém para conversar no longo caminho.
A água sai gelada do curto cano onde antes havia um chuveiro. Próxima demais da parede para ter raiva lavo meu corpo desejando que pelo ralo desça toda minha frustação.
A onda quebra no mar e eu não estou lá. A chuva beija uma linda flor e eu não estou lá. A criança brinca com seu dedão do pé e eu não estou lá.
Pela janela do quarto ouço um trabalhador da construção civil martelando um prego numa chapa de metal. Este som intermitente me lembra ter tido namorado convicto de que consertos domésticos, como consertar a pia do banheiro ou trocar uma fechadura quebrada, deviam ser feitos por ele entre o domingo e a segunda-feira, de madrugada.
Visto um camisa e uma calça mecanicamente, com os olhos fixos na infiltração que sobe atrás da cama. A tinta descascada me envergonha mais que a sala sem cadeiras ou a cozinha sem geladeira.
Não tranco a porta de casa para ter certeza de que voltarei. O elevador está quebrado a muito então desço os degraus contando as lajotas rachadas. Uma vizinha idosa e cansada me diz "bom dia" pela grade do seu apartamento.
O asfalto está molhado e o cheiro da noite anterior ainda paira nas portas dos bares onde bêbados e prostitutas se deliciam com mais uma dose. O dia não começou para eles, ou diria que a noite ainda não terminou?
O calor não me alerta para a pequena poça d'água na sarjeta onde um bêbado achou sua cama, e um carro apressado não perdoa minha indecisão ante a vida. A água suja molha meu braço e o relógio, presente de natal de uma tia, que naquele segundo desiste de servir a algo.
E de tudo que foi vivido sobram as sobras do dia que nem começa e acaba. O dia termina no calor do sol, no banho gelado, no barulho do martelo, no asfalto molhado, no cheiro podre do bar, na sarjeta imunda, embaixo do ônibus que levaria ao longo caminho do árduo dia de segunda-feira.