Morta ainda viva
Clara nunca precisou de ninguém, pelo menos assim pensava. Podia vestir sua roupa amassada, sentar numa mesa sozinha, tomar uma cerveja e observar os outros a observá-la. Clara tinha então 21 anos e andava a pé pelas ruas próximas a sua casa de calça jeans e chinela japonesa branca. Conhecia a Dona Maria que vendia milho verde na esquina e o Seu Mário da padaria já a esperava no sábado cedinho com o caldo de carne e as duas torradas com manteiga para curar a bebedeira. Morava com a avó e uma tia encalhada no sétimo andar do prédio número 32 da rua João Moraes. Veio do interior ainda criança para aprender a ler com os dotôres da cidade. Não tinha decidido ainda qual faculdade cursar. Mas cursava uma decidida num apelo da mãe em seu leito de morte. A tuberculose tirou do seu pai o sorriso e depois a vida.
Clara recebia 2 salários para cuidar da filha da vizinha. Isso dava pra comprar a cerveja, o cigarro e o caldo de carne. Sua avó recebia uma pensão do avô militar morto na guerra. A tia encalhada passava o dia em casa de camisola a reclamar da filha da vizinha chorando ou das olheiras e da "boa-vida" de Clara.
Aos 23 anos Clara perdeu sua avó. Récem-formada com honras na faculdade de direito, trabalhava durante o dia no fórum e estudava de noite para o concurso da procuradoria da república. Sustentava a casa e a tia encalhada, que agora estava com cancêr.
Sua tia morreu depois de 3 anos lutando contra a doença. Clara estava sozinha no apartamento de três quartos. Mas Clara nunca precisou de ninguém e como procuradora da república poderia ter até um apartamento de seis quartos só para si, se assim quisesse.
No dia do seu aniversário de 30 anos Clara foi encontrada morta em sua cama pela filha da vizinha. O obtuário diagnosticou infarto do coração. Por falta de uso.
Clara recebia 2 salários para cuidar da filha da vizinha. Isso dava pra comprar a cerveja, o cigarro e o caldo de carne. Sua avó recebia uma pensão do avô militar morto na guerra. A tia encalhada passava o dia em casa de camisola a reclamar da filha da vizinha chorando ou das olheiras e da "boa-vida" de Clara.
Aos 23 anos Clara perdeu sua avó. Récem-formada com honras na faculdade de direito, trabalhava durante o dia no fórum e estudava de noite para o concurso da procuradoria da república. Sustentava a casa e a tia encalhada, que agora estava com cancêr.
Sua tia morreu depois de 3 anos lutando contra a doença. Clara estava sozinha no apartamento de três quartos. Mas Clara nunca precisou de ninguém e como procuradora da república poderia ter até um apartamento de seis quartos só para si, se assim quisesse.
No dia do seu aniversário de 30 anos Clara foi encontrada morta em sua cama pela filha da vizinha. O obtuário diagnosticou infarto do coração. Por falta de uso.
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