.comment-link {margin-left:.6em;}

Textos Avulsos

sábado, 28 de agosto de 2004

Camisa Branca

Estava na vitrine. Sob luz forte. A camisa branca. Toda branca. Sem pequenos ou grandes detalhes. Apenas branca como eu gosto. Imaculada, como diria minha mãe.

Daquelas de usar todo dia, toda hora. Usar pra deitar no colchão e assistir um filme. Usar pra caminhar no final da tarde na praia. Usar pra dormir (prática que teve que ser abolida por motivos que não me foram explicados). Usar para ir à praça comer acarajé e tomar uma cerveja. Uma camisa branca.

Numa tarde de domingo a camisa foi manchada. Achei que lavando a mancha sairia. Ilusão. Não saiu nem com aquele super-ultra-novíssimo produto que a vizinha me ensinou. A mancha nem clareava.

Guardei a camisa na gaveta de baixo. Junto com outras camisas (azuis, verdes, vermelhas, rosas, pretas, amarelas). Umas furadas, umas que ficaram pequenas e outras que a gola estava frouxa.

...

No meio da noite (porque sempre quando eu estou dormindo??) o interfone toca e é o porteiro dizendo que caiu uma camisa do varal. Lavo o rosto, visto uma bermuda e desço as escadas. Era a camisa branca. Inconfundível. E sem mancha.

Sem mancha? Pelo menos me pareceu às 2:00h da manhã.

Ao acordar para trabalhar, quando meus olhos já enxergavam a mais de 20cm de distância vi que a mancha ainda estava lá. Mais clara é verdade, mas o fato é que a camisa continuava manchada.

De volta para a gaveta de baixo.