Sapato novo
Entrei na loja alegre e satisfeita, estava usando um sapato muito confortável, um sapato que já tinha se moldado ao meu pé. Estava ali apenas para ajudar minha colega Marcela a escolher um tênis confortável pra ela. Ela queria um tênis pro dia-a-dia.
Idéia besta a dela de querer me dar um tênis novo. Eu não queria tênis. Tinha acabado de me acostumar com aquele sapato. Mesmo assim ela me mostrou um modelo que estava num canto da vitrine. Chamava atenção pela cor estranha. Parecia um tênis usado. Já moldado ao pé de outra pessoa. A forma como os cadarços estavam marcados mostrava claramente que outra pessoa o utilizou por muito tempo. Sentei naqueles banquinhos que tem um espelho inclinado em frente pra ver se o tênis pelo menos era do tamanho do meu pé. Coloquei-o ao lado do meu sapato e não gostei. Marcela insistiu. Tenta. Já está amaciado. Não. Não iria calçar um tênis tão usado por alguém que deixou tantas marcas nele.
Durante uma semana a Marcela me ligou só pra se certificar que o meu sapato era realmente confortável, pois existia um certo tênis que ela achava ter sido feito pra mim. No sábado seguinte fomos à mesma loja e resolvi calçar o tênis para tirar a dúvida. Ainda sentada tive vontade de tirá-lo. Aquele tênis nunca iria ficar confortável no meu pé.
Não era do meu tamanho. Era um pouco maior e iria irritar um pouco a cada dia meu calcanhar. Tinha uma pedrinha dentro do pé direito! Uma pedra que incomodava sem eu nem ter pisado no chão. Tirei-o e olhei dentro. Nada da pedrinha. Calcei de novo. Incomodava. Agora ainda mais por não saber onde estava a pedrinha. Ela apenas estava lá, incomodando.
Sempre senti uma pequena pedra em sapatos novos. Algumas eram até grandes, que me fizeram desistir do sapato e jogá-lo fora. Porém nunca tinha sentido a tal pedra no pé esquerdo. Que diabos de tênis era aquele? Não! Definitivamente eu não vou usá-lo! Pedra no pé esquerdo?
Marcela comprou-o pra mim mesmo assim. Ela disse que eu iria mudar de idéia. A cada dia eu tentava usá-lo. Pra agradar a minha colega. A pedra no pé esquerdo passou de um incômodo para um desafio. Eu tinha que descobrir porque só aquele tênis tinha pedra no pé esquerdo e enquanto todos os outros têm no direito.
Duas semanas se passaram e eu não conseguia colocar os pés no chão com ele. Calçava-o todos os dias, mesmo incomodando, mas não me levantava da cama. Cada vez que eu sentia a pedra me perguntava porque tinham feito um tênis com pedra no pé esquerdo. Será que só eu sentia a pedra?
Talvez não tivesse sido feito com a pedra no pé esquerdo. A antiga dona (tenho certeza que achava que seria a última) tinha colocado aquela pedra.
A pedra passou a ser um diferencial naquele tênis. E passei a achar estranho os meus antigos sapatos e tênis. Usava os sapatos já moldados no meu pé e não sentir a pedra me fazia lembrar dela.
Um dia eu coloco os pés no chão com o meu tênis de cor estranha e não sentirei mais a pedra. Ou melhor, sentirei sempre aquele incomodozinho da pedrinha, mas acharei bom. É o meu tênis. É a minha pedra.
Idéia besta a dela de querer me dar um tênis novo. Eu não queria tênis. Tinha acabado de me acostumar com aquele sapato. Mesmo assim ela me mostrou um modelo que estava num canto da vitrine. Chamava atenção pela cor estranha. Parecia um tênis usado. Já moldado ao pé de outra pessoa. A forma como os cadarços estavam marcados mostrava claramente que outra pessoa o utilizou por muito tempo. Sentei naqueles banquinhos que tem um espelho inclinado em frente pra ver se o tênis pelo menos era do tamanho do meu pé. Coloquei-o ao lado do meu sapato e não gostei. Marcela insistiu. Tenta. Já está amaciado. Não. Não iria calçar um tênis tão usado por alguém que deixou tantas marcas nele.
Durante uma semana a Marcela me ligou só pra se certificar que o meu sapato era realmente confortável, pois existia um certo tênis que ela achava ter sido feito pra mim. No sábado seguinte fomos à mesma loja e resolvi calçar o tênis para tirar a dúvida. Ainda sentada tive vontade de tirá-lo. Aquele tênis nunca iria ficar confortável no meu pé.
Não era do meu tamanho. Era um pouco maior e iria irritar um pouco a cada dia meu calcanhar. Tinha uma pedrinha dentro do pé direito! Uma pedra que incomodava sem eu nem ter pisado no chão. Tirei-o e olhei dentro. Nada da pedrinha. Calcei de novo. Incomodava. Agora ainda mais por não saber onde estava a pedrinha. Ela apenas estava lá, incomodando.
Sempre senti uma pequena pedra em sapatos novos. Algumas eram até grandes, que me fizeram desistir do sapato e jogá-lo fora. Porém nunca tinha sentido a tal pedra no pé esquerdo. Que diabos de tênis era aquele? Não! Definitivamente eu não vou usá-lo! Pedra no pé esquerdo?
Marcela comprou-o pra mim mesmo assim. Ela disse que eu iria mudar de idéia. A cada dia eu tentava usá-lo. Pra agradar a minha colega. A pedra no pé esquerdo passou de um incômodo para um desafio. Eu tinha que descobrir porque só aquele tênis tinha pedra no pé esquerdo e enquanto todos os outros têm no direito.
Duas semanas se passaram e eu não conseguia colocar os pés no chão com ele. Calçava-o todos os dias, mesmo incomodando, mas não me levantava da cama. Cada vez que eu sentia a pedra me perguntava porque tinham feito um tênis com pedra no pé esquerdo. Será que só eu sentia a pedra?
Talvez não tivesse sido feito com a pedra no pé esquerdo. A antiga dona (tenho certeza que achava que seria a última) tinha colocado aquela pedra.
A pedra passou a ser um diferencial naquele tênis. E passei a achar estranho os meus antigos sapatos e tênis. Usava os sapatos já moldados no meu pé e não sentir a pedra me fazia lembrar dela.
Um dia eu coloco os pés no chão com o meu tênis de cor estranha e não sentirei mais a pedra. Ou melhor, sentirei sempre aquele incomodozinho da pedrinha, mas acharei bom. É o meu tênis. É a minha pedra.
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