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Textos Avulsos

domingo, 16 de maio de 2004

De que é feito o fim da noite?

De que é feito o fim da noite? È feito de tanta coisa, mas pode-se começar com a falta de sono, com a falta de assunto, com a comida fria, com os arrependimentos calados, com os "da próxima vez", com tanta coisa...com até algumas faltas de porquês ou até de por quês.
Se pensar em algo palpável é sem dúvida o sofá ou a geladeira com resto do jantar, ou até do almoço. O peso do sapato, o interruptor da sala, a pia do banheiro, o único barulho é o da água fazendo um redemoinho. Pode-se ter as páginas de uma velha revista sendo passadas, ou até o jornal de amanhã que já chegou.
Se pensar em sensações, não existe melhor do que a de descalçar, essa sim, é um alívio até na alma. Mas pode se ter a sensação de vazio...de que ficou faltando algo, que poderia ser importante, mas não se sabe o que é. A sensação de noite inacabada, ou de arrependimento... arrependimento de ter feito, arrependimento de não ter feito, arrependimento de ter tentado fazer, ou de não ter tentado. A sensação de ódio, essa existe às vezes com muita força. Você anda de um lado para o outro, abre a geladeira várias vezes e nessa sensação e na anterior, você lê ou assiste alguma coisa com uma concentração quase que inexistente. Lê (ou escuta) cada palavra, mas não a adquire....ela é substituída sempre por um pensamento mais marcante.
Às vezes encontramos os olhos vidrados em qualquer coisa, sem piscar, e sem se importar com o que está olhando, tudo é base para o pensar.
Seria muita falta de consideração deixar de fora a sensação de completude, a de tudo bem, hoje foi um dia que eu posso guardar na memória, e dormir para esperar o amanhã.
O chato é refletir e ver que tudo está em um ciclo, não o mundo, mas as atitudes...elas são sempre as mesmas