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Textos Avulsos

segunda-feira, 12 de abril de 2004

Saudade dói

Estou com saudade. Saudade de você. Saudade da tua pele, teu cheiro, teus beijos. Saudade da tua presença, e até da tua ausência quando querias estar só contigo mesmo. Não importava se você estava na sala e eu no quarto, sem te ver. Eu sabia que estavas lá. Não importava se você estava viajando e eu no escritório, eu sabia onde te encontrar se precisasse. Mesmo que eu passasse o dia sem te ver, eu sabia que amanhã eu te veria. Mesmo que o amanhã fosse daqui a uma semana.
Agora acabou. Apenas a saudade me faz companhia. A saudade dói.

Estou com saudade. Saudade por não saber. Não saber mais se continuas tendo dores de cabeça por causa do calor. Não saber mais se continuas fazendo a barba ou se deixastes o cavanhaque. Não saber se ainda usas aquela camisa que te dei. Não saber se fostes naquela consulta que eu marquei pra ti, como me prometera. Não saber se tens comido sanduíche na hora do almoço por preguiça de cozinhar um arroz e um bife. Se aprendestes a jogar xadrez, como tínhamos planejado. Se resolvestes dirigir na faixa da direita, como eu sempre pedia. Se continuas fumando Malboro. Se continuas preferindo água com gás, limão e gelo picado, como eu fazia. Se continuas sorrindo. Se continuas dançando. Se continuas saindo nas noites de sexta pra tomar uma cerveja com os amigos. Se continuas lembrando de mim.

Estou com saudade. Saudade por não saber. Não saber o que fazer com as minhas noites, que ficaram mais compridas. Não saber como encontrar tarefas que me cessem o pensamento. Pensamentos em ti. Não saber como frear as lágrimas diante de uma música que tinha no CD que me destes. Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Estou com muita saudade. Nunca mais soube de ti, e ainda assim, a saudade dói.