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Textos Avulsos

terça-feira, 27 de abril de 2004

Não espere muito dos outros... e se surpreenda!

Ela já não dorme mais. Chega tarde em casa todos os dias. Diz que sai com amigos. Não conheço esses amigos. Nunca vi nenhum deles. Ela acorda na hora certa para trabalhar toda manhã. Não posso reclamar. Ela gasta o seu próprio dinheiro. Não posso julgar. Ela trabalha para sair de noite com seus amigos. Não posso reprovar. Sinto falta dela.

Ela sai de manhã pro trabalho e só volta tarde depois dessa saída com os amigos. Ela não era assim. Éramos amigos. Ela pode estar namorando. Eu não saberia dizer. Escuto ela bater a porta da cozinha todos os
dias. Chegando ou saindo.

Ela pode estar se drogando. Eu não poderia negar. Ela bebe. Não fuma. Ela cozinha bem. Faz um macarrão com molho de tomates secos maravilhoso.

Ontem deu a louca nela e ela chegou cedo. Ainda não era nem de noite. Escutei a porta batendo, mas não levantei da cama. Deixei ela pensar que eu estava dormindo, como sempre.

Depois de uns 40 minutos me chamou no quarto e disse que queria conversar comigo. Levantei intrigado e ao me deparar com aquilo, minhas pernas tremeram. Ela tinha feito o tal macarrão! Arrumou a mesa da varanda com dois pratos e duas taças. Também tinha o queijo ralado na hora do jeito que eu adoro. Trouxe até uma garrafa de vinho!

Ela estava banhada. Tinha mudado a roupa do trabalho. Eu nem escutei quando ela entrou no chuveiro. Eu estava de pijama e com os cabelos assanhados. Pedi para tomar um banho e ela disse que o macarrão iria esfriar. Fiquei sem graça por estar de pijama. Ela notou. Correu no seu quarto e vestiu sua camisa velha de dormir. Ela queria me agradar.

Eu não entendia. Teria acontecido algo?

Não. Ela apenas queria conversar comigo. Minha mãe.